quinta-feira, 1 de março de 2007

Que é uma denominação cristã?

Denominação é o termo usado para designar uma associação ou uma relação comunitária formal de diversas igrejas locais. Há uma grande dificuldade na definição do termo porque a relação entre diversas igrejas é sempre regida por diferentes modos de governo eclesiástico (congregacional, episcopal ou representativo). Além disso, as denominações, embora sempre estabeleçam de maneira formal a maneira como as igrejas locais devem se relacionar entre si, variam quanto ao elemento que vai ser o mais importante na construção da identidade denominacional (administração/burocracia, teologia, liturgia ou modelo ministerial).
As denominações têm variado, historicamente, entre os seguintes modelos administrativos ou organizacionais:

1. Congregacional – a ênfase está na autonomia da igreja local para escolher e ordenar ministros e líderes, arrecadar e decidir o modo como os recursos financeiros serão utilizados, estabelecer direcionamentos ministeriais etc; o principal elemento decisório da igreja local é a totalidade de seus membros reunida em assembléia; embora com relativa autonomia, as igrejas locais da denominação se relacionam entre si através de uma instância administrativa e burocrática que rege uma certa padronização litúrgica e teológica; as igrejas que vierem a ferir os princípios básicos da denominação, ficam sujeitas a sanções disciplinares, que, nos casos extremos, implicam na exclusão da associação; exemplos: igrejas batistas, congregacionais e algumas comunidades.

2. Episcopal – forma hierarquizada de governo eclesiástico, com estabelecimento de cargos de prestígio; as pessoas que estão no topo da hierarquia são responsáveis pela administração e supervisão do trabalho de seus subalternos, tendo autonomia para designar pessoas para os locais para onde julgam ser o mais adequado; algumas formas episcopais são mais rigidamente hierarquizadas e outras estão mescladas com uma certa representatividade, formando colégios episcopais; exemplos: igrejas anglicanas, católico romanas, metodistas e Exército de Salvação.

3. Representativo – funciona através da constituição de concílios representativos, que por sua vez, enviam seus representantes para os concílios imediatamente superiores; a igreja local, reunida em assembléia, possui autonomia decisória para algumas questões específicas (compra, venda e alienação de bens, eleição de ministros por um período determinado), mas elege os seus representantes que podem tomar decisões mais amplas; os concílios abrangem as seguintes instâncias: igreja local (conselho), grupo de igrejas locais próximas (presbitérios), presbitérios de uma região do país (sínodo) e a instância decisória suprema que é o supremo concílio ou assembléia geral; exemplo: igrejas presbiterianas.

A identidade denominacional tem sido construída de formas distintas, ora com destaque para um dos elementos abaixo, ora através da combinação de alguns deles ou a totalidade dos itens mencionados:

1. Administração/burocracia – algumas denominações perderam totalmente a identidade litúrgica, teológica e ministerial, restando apenas a relação formal burocrática entre as igrejas locais e suas instâncias administrativas superiores; há uma variedade de expressões cúlticas, de teologias e modos de realizar o trabalho pastoral, restando um vínculo formal.

2. Teologia – algumas igrejas conseguem construir uma identidade teológica muito significativa; o preço que se paga algumas vezes é o excesso de formalização e padronização teológica, fato que passa a sufocar a criatividade e a espontaneidade dos membros e líderes das igrejas locais; são denominações que adotam um credo ou um conjunto de credos e confissões de fé, historicamente significativos e sedimentados, que passam a reger os princípios doutrinários da igreja local.

3. Liturgia – o modo como cada denominação constrói a sua identidade litúrgica tem variado de duas formas: estabelecimento de um manual litúrgico, no caso das igrejas com tradição cúltica mais formal, difusão de modelos baseados no sucesso das grandes igrejas da denominação ou no carisma dos seus líderes mais importantes.

4. Modelo ministerial – nem todas as igrejas se preocupam em reger ou criar modelos e estilos ministeriais, deixando este aspecto a encargo da liderança local; as que optam pelo estabelecimento de modelos, seguem formas distintas: igreja em células, rede ministerial, redes de mentoreamento e discipulado.